No mundo dos vinhos é comum ouvir que o vinho é barricado, ou que tem passagem de 6 meses, 12, 24 ou 36 meses em barricas de carvalho. Mas o que isso quer dizer e como influencia no vinho?
Esse sem dúvida é um tema muito amplo e complexo, e que uma grande maioria das pessoas não têm esse conhecimento. Nesse texto vamos explicar de forma resumida e objetiva, alguns dos principais fatores da relação madeira e vinhos.
Vinho com madeira é melhor?
Existe um famoso ditado do mundo dos vinhos que diz que “Vinho bom se faz na videira!”. Ou seja, o fator principal para qualquer bom vinho é a uva. E no caso do vinho sem passagem por madeira esse fator será ainda mais importante.
Um bom terroir, e as técnicas aplicada na gestão da vinha sempre serão o fator número um para os vinhos.
Precisamos entender que, vinhos com ou sem passagem por barrica são propostas diferentes, e existem excelentes vinhos para todos os gostos em ambos os cenários.
Vinhos sem passagem por madeira evidenciam os aromas e sabores da fruta, entre outros aromas e sabores que irão surgir durante processo de produção. O processo de produção pode variar desde a temperatura de fermentação, recipiente da fermentação, quais tipos de leveduras utilizadas, como será criado o mosto (tipos de prensa e prensagem) e como será administrado ao longo da produção do vinho. Todos esses fatores irão se desenvolver de maneiras diferentes nas características do vinho, sejam visuais, olfativas ou gustativas.
Então, respondendo à pergunta inicial: “Somente a passagem por barricas de carvalho não necessariamente fará daquele vinho melhor ou pior que outro.” Os inúmeros fatores mencionados terão também uma grande influência sobre o produto final. Entenda na sequencia do texto.
Tamanho das barricas e toneis também influenciam.
Existem diferentes tamanhos de barris ou tóneis de carvalho, e de forma mais usual podem variar em barricas de 150L, 225L, 250L, e grandes foudres de 1.000L a 12.000 litros aproximadamente. E quanto maior o recipiente menor a influência da madeira, pois a proporção do vinho em contato com a madeira será menor.
Ainda, existem tipos diferentes de carvalho (americanos, francês, esloveno, etc…), outrora muitos outros tipos de madeira também já foram utilizados como castanheira, cerejeira, entre outras. Nos dias atuais, o carvalho é a principal madeira utilizada por se entender que suas características são as que mais tem capacidade de contribuir positivamente para o vinho. Mas não se espante se ver algum produtor utilizando algum outro tipo de madeira, seja para testar outras possibilidades, ou buscar soluções ao alto custo do carvalho importado (US$ 3.000,00 por barrica aproximadamente).
O fato é que, em virtude dos diferentes componentes que formam a madeira, cada tipo de madeira irá aportar diferentes características aos vinhos, sejam aromas, sabores, taninos, e mesmo o espaço para micro oxigenação nos diferentes tipos de carvalho também serão diferentes por conta do espaçamento dos poros (granulometria) da madeira por onde ocorrerá a micro oxigenação.
Para se ter uma breve ideia das diferenças, no “carvalho americano” (Quercus alba) possui uma baixa concentração de fenóis e alto teor de composto aromáticos, como as lactonas, trazendo notas de côco, manteiga e toffee a depender da tosta. Quanto ao carvalho francês existem 2 principais, o Quercus Robur das florestas de Limousin e o Quercus Petreae proveniente dos Voges, e estes também terão características distintas.
Barricas de carvalho usadas.
Outro fator importante é o estágio de uso – a exemplo, barricas de primeiro uso, ou de segundo e terceiro uso – terão diferentes resultados.
As barricas de primeiro uso aportam mais aromas, sabores e taninos da madeira – sim a madeira também possui uma espécie de tanino que se incorpora ao vinho – em comparação as barricas de segundo ou terceiro uso que aportaram menores quantidades, mas que possuem bom equilíbrio entre micro oxigenação e solúveis, e assim contribuem também para dar mais macies ao vinho, dando tempo dos componentes se integrarem melhor, a depender do período de estágio dos vinhos nas barricas.
Durante a tanoaria, que é a arte da produção das barricas e toneis/foudres, as barricas passam por um aquecimento da madeira, e isso define o grau de tosta da barrica. Quando o produtor de vinho adquiri suas barricas, ele escolhe qual o grau de tosta ele deseja, e isso não somente aportará aromas defumados ou tostados ao vinho. A madeira possui componentes (podem variar de acordo com o estilo e procedência do carvalho,) a exemplo a hemicelulose e a legnina que, quando aquecidos tornam-se solúveis, e quando em contato com o vinho se integram a ele, aportando diferentes aromas e sabores. Com isso, o grau de tosta da madeira também poderá aportar mais ou menos desses componentes em diferentes estágios.
Então, já entendemos porque vinhos com passagem por madeira além das características do fruto, ainda ganham novos sabores, aromas e novos componentes que irão também influenciar na coloração do vinho, e textura em virtude desse contato com a madeira.
Mais um fator a se considerar
A micro oxigenação que ocorrerá através dos poros da madeira durante o estágio nas barricas de carvalho. Sempre bom lembrar que o oxigênio poderá contribuir ou piorar o vinho dependendo do vinho em questão e das quantidades de oxigênio aplicadas.
O tempo do vinho estagiando dentro da barrica, fará o vinho ter esse contato com o oxigênio que ocorrerá através dos poros da madeira e o oxigênio dentro da barrica.
Com isso, esses vinhos acabam se tornando ainda mais complexos, e com texturas e coloração diferentes também.
E muitos outros…
Poderíamos ainda ampliar o texto falando de fermentação em barricas de carvalho ou foudres, batonage, a quantidade de vinho que tem dentro da barrica, o corte da madeira (de qual parte do tronco da árvore vieram as aduelas), utilização de Chips de madeira, outros tipos de madeira, barricas de whisky e Scotch, etc. etc…
Realmente é um tema complexo que poderíamos nos estender bastante.
A ideia nesse texto, foi apenas passar algumas informações para que pudéssemos entender que a passagem por madeira traz grandes influências ao vinho que bebemos.
A Bueno Wines tem uma linha completa que conta com os mais variados estilos, seja sem contato com madeira, ou com médios e longos períodos em barricas de carvalho, mas todos com o altíssimo nível de qualidade em comum. E cada um para uma ocasião, paladar ou harmonização.
Aqui vai uma dica para você adquirir seus vinhos da Bueno Wines, degusta-los e aprender mais sobre as diferenças do contato com madeira:
Vinhos sem passagem por madeira
Vin Chardonnay, Vin Rosé, Vin Cabernet Sauvignon, Bellavista Desirée Sauvignon Blanc.
Vinho com passagem por madeira
Bellavista Desirée Merlot (12 meses carvalho francês e americano), Pinot Noir Reserva e Petit Verdot Reserva (ambos com 15 meses e carvalho francês), Paralelo 31 Gran Reserva (24 meses em barricas de carvalho francês e americano de primeiro uso).
e Anima Gran Reserva (24 meses e barricas de carvalho francês de primeiro uso).
Por: Denis Trombino
Sommelier Bueno Wines
